quarta-feira, novembro 16, 2011

Terapia do cartão

Para elas, a felicidade está no ato de comprar


A terapia do cartão de crédito é o psicólogo preferido de muitas mulheres. Pesquisa Ibope Mídia revela que 21% das brasileiras vão às compras para se sentirem mais calmas e felizes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 1% da humanidade sofre de compulsão por gastar. A estudante de Pedagogia Beatriz Mafra, 22 anos, faz parte da lista e assume que não resiste a despesas com lazer e diversão. "Festas e sushi são minha perdição", declara a universitária, que recebe bolsa auxílio de R$ 290,00 como remuneração de seu estágio.
A situação de Beatriz complica porque sua renda mensal não acompanha o limite de seu cartão de crédito, que é de R$ 500. "Nunca ultrapassei esse limite, meu descontrole ainda está dentro do orçamento. Mas confesso que poderia gastar meu dinheiro com coisas mais produtivas. Ano que vem vou ver se crio juízo e abro uma poupança", promete a estudante.

Liquidações

A advogada Nicolle Simas, 27 anos, foi além e já ficou refém dos juros do cartão e do cheque especial. "Sou consumista. Ainda que minha intenção não seja comprar, sempre levo algo para casa, muitas vezes, sem necessidade. Cartão de crédito é uma arma perigosíssima na minha mão", confessa. Outra tentação para Nicolle são as liquidações. Preços atraentes e descontos que chegam à metade do valor do produto são motivos para comprar, afirma a jovem. "Certa vez, no Rio de Janeiro, comprei cinco biquínis só porque estavam em liquidação. Resultado: hoje todos ainda estão com etiqueta, se usei um foi muito", recorda ela
Vilão
O economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (Corecon/PA), Oberdan Pinheiro Duarte, afirma que o cartão de crédito é um dos maiores vilões do endividamento pessoal. Segundo ele, a taxa de juros do cartão chega, em média, a 260% ao ano e a do cheque especial a 188% ao ano. "O ‘dinheiro de plástico’ minimiza momentaneamente os efeitos da compra. Tem-se a sensação de que o gasto é menor, pois o dinheiro não está em espécie. O arrependimento, no entanto, vem com a fatura", explica o economista e adverte: "Se seu estômago tem capacidade apenas para comer meio quilo, não encha o prato com um quilo de comida. Você sempre deve se perguntar ‘qual o alcance do meu dinheiro?’. Se a resposta gerar dúvidas, é melhor esperar."
Planeje seu orçamento
Organização - estruturar gastos e despesas em uma planilha é o primeiro passo para o sucesso financeiro.
Planejamento - anote na planilha suas despesas fixas (aluguel, salário da secretária doméstica) variáveis (luz, água, telefone, alimentação) e aquelas que podem ser dispensadas (roupas, cinema, restaurantes).
Prioridades - eleja prioridades. Se sua intenção é fazer uma pós-graduação ou comprar um carro não desvie de seu foco. Calcule quanto precisa guardar ou comprometer sua renda para alcançar seu objetivo.
Armadilhas - fuja delas. A maior de todas é o cartão de crédito. Evite parcelamentos em várias vezes e em hipótese alguma pague apenas o mínimo da fatura. A solução imediata, por diversas vezes, transforma-se em uma bola de neve. Gastos com cartão não devem comprometer mais que 50% de sua renda.
Pague à vista - quer economia de verdade? Pague em dinheiro. Assim, é possível conseguir descontos e fugir da maior taxa de juros do mundo, que é do Brasil.
Poupança - pode parecer clichê, mas dinheiro não cresce em árvore mesmo. Se você deseja alçar voos maiores na sua vida financeira é preciso economizar. O indicado é poupar, no mínimo, 10% de sua renda todo mês. Não poupe o que sobrar, tenha a economia como um gasto fixo mensal.
Fonte: Oberdan Pinheiro Duarte

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